O ativista brasileiro Tiago Ávila desembarcou na manhã desta 6ª.feira (13.jun) no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Ele foi deportado por Israel após participar de missão humanitária rumo à Faixa de Gaza.
Como dissemos AQUI, Ávila estava a bordo do veleiro Madleen, interceptado por militares israelenses no domingo (9.jun) em águas internacionais. A embarcação fazia parte da Coalizão Flotilha da Liberdade, que tenta levar ajuda humanitária à população palestina.
No desembarque, Tiago foi recebido pela esposa, filha e dezenas de ativistas em apoio à Palestina. Cartazes pediam o rompimento de relações entre Brasil e Israel e criticavam o governo de Benjamin Netanyahu.
Durante entrevista no local, o ativista disse não querer ser tratado como “herói”, mas sim como aliado do povo palestino. Ele classificou o governo de Israel como “racista e supremacista” e criticou duramente o sionismo.
“É preciso enfrentar o sionismo, que há oito décadas promove limpeza étnica. Isso não tem a ver com religião, mas com uma ideologia de opressão”, afirmou. Segundo ele, a missão foi barrada de forma violenta.
Ávila denunciou as condições de detenção em Israel e relatou ter sido colocado em solitária por se recusar a uma confissão de entrada ilegal. Ele iniciou uma greve de fome em protesto.
“Fui ameaçado e levado a um lugar sem luz, sem refrigeração. Foi violento, mas nada comparado ao que o povo palestino sofre diariamente”, disse. Antes de retornar ao Brasil, ele ou por Madri.
Outros ativistas da flotilha também foram deportados por Israel, incluindo a sueca Greta Thunberg. Dois ses continuam presos, com previsão de expulsão ainda hoje, segundo entidades ligadas à missão.
Em fala contundente, Ávila pediu que jornalistas brasileiros enfrentem a pressão econômica para mostrar a verdade. Ele lembrou os mais de 200 profissionais de imprensa mortos em Gaza desde o início da ofensiva.
“Um genocídio é um genocídio. Um hospital bombardeado é um hospital bombardeado. Não pode haver mais dúvidas nem justificativas”, disse, referindo-se à cobertura da mídia sobre os ataques israelenses.
O ativista também criticou o embaixador de Israel no Brasil e cobrou posição firme do governo Lula. “Espero que o Brasil esteja do lado certo da história. Os palestinos amam os brasileiros”, disse.
Na 5ª.feira (12.jun), o Ministério das Relações Exteriores de Israel ironizou a ação em postagem na rede X. “Adeus — e não se esqueçam da selfie”, escreveu o perfil oficial, chamando o grupo de “iate das selfies”.
A embarcação Madleen, de bandeira britânica, saiu da Sicília no dia 6 e foi interceptada a mais de 100 km de Gaza. Os ativistas alegam que estavam em missão pacífica e que foram “sequestrados” por Israel.
Tiago finalizou suas falas reafirmando que a luta continua e que o mundo precisa agir contra a ocupação. “O horror do sionismo está escancarado. Agora é hora de agir. Gaza precisa respirar.”
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